quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Texto para '' Plenaria Nacional da UJS ''


Mais do que somos todos nós


O Brasil vive um período histórico. Nessa plenária, o mais importante é entendermos que a UJS também é responsável por isso.
Políticas para a Juventude vem sendo pensadas e executadas de norte a sul do país, os movimentos sociais estão mais organizados, os governos vem respondendo de forma positiva para combater as desigualdades de gênero e raça que fazem parte da nossa construção enquanto nação.

Parte dessas ações, as políticas de combate a homofobia e promoção da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais tem avançado significativamente nos últimos anos. Fruto de uma estratégia de organização correta por parte do movimento LGBT e da conjuntura política favorável com a eleição presidencial de 2002, o movimento nacional LGBT tem conseguido fazer com que as políticas para a população LGBT se tornem parte da pauta dos governos e da sociedade civil.

O termo homofobia, ainda não incorporado nos dicionários, tem sido utilizado e se tornado comum para a sociedade como um todo. A diretiva dada pelo movimento, com a campanha de aprovação do PL 122 de 2006, publicizando o termo homofobia para designar o ódio ou aversão a LGBTs, ou num sentido mais amplo, a pessoas que não cumprem com o rol das expressões de gênero majoritárias na sociedade, popularizou o termo, e ampliou o debate na sociedade sobre a discriminação e que milhares de brasileiras e brasileiros sofrem cotidianamente, por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.

Em 2008 tivemos a realização de duas importantes conferências. A I Conferência Nacional de Políticas Públicas para a população LGBT e a I Conferência Nacional de Juventude. A Frente LGBT da UJS participou de ambas. Na Conferência Nacional de Juventude, coordenamos o GT LGBT e ajudamos na elaboração da cartilha temática “Cidadania LGBT”. Na Conferência LGBT ajudamos na construção do capitulo sobre “juventude” do texto base e participamos, não da forma como gostaríamos, mas da maneira que conseguimos de diversas etapas estaduais e municipais. Destaque para a etapa estadual paulista, na qual a realização de um GT de Juventude só foi possível devido a reivindicação da UJS e sua articulação com as ONGs e entidades do Fórum Paulista LGBT que tinham a maioria da delegação presente. Essa conferência nacional resultou no lançamento em maio de 2009, do Plano Nacional de Políticas para a população LGBT.
A realização das metas e ações contidas nesse plano, depende da mobilização dos movimentos sociais, e a UJS tem papel importante a cumprir nesse sentido. Essa é uma das tarefas de nossa frente para o próximo período.

Por que nada é como eu queria que fosse? Isso tudo ao meu redor Quem é que trouxe?
( Cachorro Grande )


Reunir, formar e organizar. Essas são as palavras que vão dirigir a atuação da frente LGBT da UJS no período que se inicia. Apesar dos avanços que temos tido na atuação da frente, com os espaços que temos participado, as alianças que temos construído, percebemos que nossa atuação tem sido pontual, reduzida e infelizmente, ainda guiada pelo espontaneismo.

Uma primeira avaliação é que não temos até o momento uma frente organizada nacionalmente. A frente é composta hoje por poucas e poucos militantes LGBT, e que ainda, em alguns casos, não atuam diretamente nesse movimento. São comuns situações em que LGBTs filiados a UJS não tem atuação no movimento LGBT, exercendo tarefas em outras frentes. Isso obviamente é um problema natural, na medida em que iniciamos nosso trabalho nessa frente há pouco tempo. Assim uma primeira tarefa institucional, é organizar nosso coletivo. Precisamos levantar quantos filiados LGBT temos em nossa organização, e isso pode ser feito a partir da inclusão do quesito orientação sexual e identidade de gênero nas nossas fichas de filiação. Isso permitiria uma auto identificação voluntária por parte das/os filiadas/os e nos permitiria levantar quantos LGBTs temos e onde estão. Além de contribuir para um ambiente mais favorável no interior da própria UJS.

Outro passo importante é levantarmos todos os filiados da UJS que atuam de alguma forma no movimento LGBT, seja apoiando a organização de Paradas do Orgulho, trabalhando em ONGs ou participando de coletivos universitários. É preciso que as direções estaduais informem ao coletivo nacional os dados desses militantes, para que a frente possa construir uma rede ampla de contatos que permita mais organicidade e enraizamento para sua atuação.
Necessitamos de dirigentes estaduais atuando nessa temática. As direções estaduais precisam olhar com atenção quais militantes têm condições de assumir essa tarefa em cada esfera. Esses militantes não precisam ser quadros formados, ou com experiência de atuação nesse movimento, realidade que não temos, mas precisam ter condições e perfil para se tornarem dirigentes dessa frente, o que deve ser avaliado por cada direção estadual.

Outro passo importante, que depende sobremaneira do anterior, é a realização do I Encontro Nacional LGBT da UJS. Esse encontro precisa ser construído para elaborar uma síntese da nossa atuação no movimento LGBT, nortear nossas ações e também como espaço de instrumentalização dos jovens LGBT filiados a UJS da política de nossa entidade.

O terceiro passo é o inicio de uma atuação mais qualificada da UJS nesse movimento. Aqui precisamos dar inicio a uma ocupação mais organizada dos espaços hoje existentes, seja assumindo a organização de Paradas do Orgulho LGBT, principal ação de visibilidade de massas desse movimento, construindo ou disputando espaço nas ONGs desse movimento, trabalhando para que nossos DCEs em coletivos universitários LGBT vinculados a sua estrutura e mesmo iniciando a disputa de rumos e de espaços nas organizações estaduais e nacional, ou seja, nos fóruns estaduais LGBT e na ABGLT, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.



Todos esses passos são necessários para organizar e qualificar nossa atuação, e foram pensados para serem executados de forma interligada, a partir de cada etapa. A existência dessas etapas, porém, não inviabiliza a realização de uma ou mais ações, presentes em um ou mais dos objetivos acima, de forma concomitante.

Precisamos nos organizar, nos formar, e ocupar espaço no movimento organizado. Para isso é importante que nossos militantes que já atuam em ONGs LGBT iniciem sua participação no Coletivo Nacional de Juventude da ABGLT, caso suas ONGs já sejam filiadas a entidade nacional, ou pressionando para que suas entidades se filiem. Os militantes LGBT da UJS que residam em municípios onde já existem Paradas do Orgulho, devem se aproximar da organização dessas ações, assumindo tarefas nas mesmas e garantindo que a expressão desses eventos, seus materiais etc sejam pensados a partir da política da UJS. Essa é uma forma de fazer o embate ideológico na sociedade não a partir apenas da reivindicação do fim da discriminação contra LBGT, mas do projeto mais amplo que temos de sociedade.

Nossa gestão a frente de DCEs, UEEs, entidades secundaristas estaduais, da UNE, da UBES e de outras entidades, deve servir para criar na cabeça e no coração de milhares de jovens brasileiros que o sonho de um país socialista é o sonho daquelas e daqueles que desejam um Brasil sem desigualdades de classe, mas também sem homofobia, sem racismo, sem machismo e nenhuma outra forma de opressão.





Denílson Junior
Diretor LGBT da UJS
É a necessidade de esperança que nos faz luta !

Nenhum comentário: